Atualização Alerta 16/2024 - mpox (03/10/2024)

Atualização Alerta 16/2024 - mpox (03/10/2024)

Causas

Agente
Vírus mpox
Período
30 Ago 2024
a
decorrer
Região:
Portugal
Áreas de Interesse
Sangue
Transplantação
  • Células
  • Tecidos
  • Órgãos
Informação Geral

O MPXV foi detetado no sangue, na urina, em abcessos de tecidos e em fluidos corporais e pode ser potencialmente transmitido através de substâncias de origem humana (SoHO).

No entanto, até à data, não se registou qualquer transmissão do MPXV através de SoHO e desconhece-se a probabilidade de tal acontecer.

Os contactos próximos de casos suspeitos ou confirmados de mpox com clade I ou clade II, que não sejam suspensos temporariamente devido a outros riscos, devem ser suspensos da dádiva.

Até à data, não foram notificados na UE/EEE casos de mpox do clade I adquiridos localmente, no contexto do atual surto do clade I em alguns países africanos. Os candidatos a dadores que regressem de países onde foi detectado o MPXV da clade I e que não tenham sido adiados devido a outros riscos devem ser cuidadosamente entrevistados relativamente aos seus contactos com casos suspeitos ou confirmados de varíola ou com animais infetados. No caso de dadores falecidos, devem ser recolhidos dados sobre a história clínica destes fatores de risco.

Com base no período de incubação, recomenda-se que os dadores assintomáticos que tenham estado em contacto com casos de varíola (confirmados ou suspeitos) sejam suspensos da dádiva de SoHO durante um mínimo de 21 dias a partir do último dia de exposição. É de notar que a informação disponível sobre o período de incubação se baseia em indivíduos que manifestam sintomas. Desconhece-se a possibilidade de transmissão do MPXV por indivíduos assintomáticos. No processo de avaliação dos dadores, deve prestar-se atenção à grande variedade de apresentações clínicas da doença em surtos recentes (ver ficha informativa para profissionais de saúde sobre o mpox). As avaliações não devem ignorar os sinais ligeiros e inespecíficos. Os dadores com infeção confirmada ou suspeita pelo MPXV devem ser impedidos de dar dádivas durante pelo menos 14 dias após a resolução de todos os sintomas. Devido ao isolamento de vírus com capacidade de replicação a partir do sémen, quando é necessário armazenar o sémen (por exemplo, preservação da fertilidade), é aconselhável efetuar a PCR da amostra de sémen.

Atualizações

Em Portugal, desde 2022, foram identificados 3 surtos: 1º surto entre 03/05/2022 e 27/03/2023 (956 casos, incluindo 2 óbitos em doentes VIH+); 2º surto entre junho/2023 e março/2024 (241 casos) e 3º surto desde junho/2024. Todos os casos reportados pertencem à clade IIb, embora tenha sido identificada uma estirpe predominante em cada surto, correspondendo a 3 linhagens diferentes, nos 3 surtos. Relativamente ao 3º surto, entre 01/06/2024 e 30/09/2024, foram notificados no SINAVE 10 casos confirmados (1 novo caso no último mês), nenhum pertencente à clade I.A idade dos casos varia entre os 21 e os 50 anos (mediana - 34 anos). Dos casos confirmados com informação disponível, 7 foram notificados na Região Norte, 2 em LVT e 1 no Algarve; 9 são HSH, 3 estavam vacinados e 4 são pessoas que vivem com VIH. Considerando os 21 dias anteriores ao início dos sintomas, 1 caso refere frequência de saunas, 5 tiveram contactos sexuais com múltiplos parceiros e 2 participaram em atividades de sexo em grupo e/ou anónimo; 2 casos referem viagem ao estrangeiro. O INSA mantém a regularidade de genotipagem das estirpes, tendo sido identificada, no atual surto, predominância da linhagem B.1.20 da clade IIb (n=4 em 9 sequenciadas).

Desde o início da disponibilidade de vacinas (a 16/06/2022) e 30/09/2024, foram vacinadas 10.559 pessoas; das 18.356 inoculações, 17.034 (93%) ocorreram em contexto de pré-exposição.

A 22 de setembro de 2024, a WHO atualizou a informação mensal sobre mpox a nível mundial. Entre 1 de janeiro de 2022 e 31 de agosto de 2024, foram reportados 106.310 casos confirmados, incluindo 234 óbitos, em 123 países. Durante o mês de agosto, o número de novos casos reportados aumentou 15,6%, comparativamente com o mês anterior (+8,8%). A maioria dos novos casos do mês passado foram notificados na Região Africana (62,3%) e na Região Europeia (13,7%). No mês mais recente de notificação completa, 48 países reportaram casos e 33 notificaram um aumento no número mensal de casos, tendo o Gabão notificado casos, pela primeira vez.

Relativamente à Região Africana, a WHO informou que, em 2024, até 29/09, 15 países notificaram 6.754 casos confirmados, incluindo 32 óbitos, a maioria dos quais pela República Democrática do Congo (5.610), Burundi (853) e Nigéria (78). Um número significativo de casos suspeitos, clinicamente compatíveis com mpox, não são testados devido à capacidade diagnóstica limitada, pelo que importa referir que foram notificados, no total, 35.517 casos suspeitos e confirmados, incluindo 996 óbitos.

Recorda-se que, a 14/08/2024, a WHO declarou que o aumento da mpox na República Democrática do Congo (RDC) e num número crescente de países na Região Africana constitui uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional (PHEIC). De acordo com o RRA do ECDC, o risco para a população geral da UE/EEE é baixo, sendo moderado para contatos próximos de casos importados da clade I, possíveis ou confirmados, e passando a alto para cidadãos com condições subjacentes, particularmente indivíduos imunocomprometidos. O ECDC considera, ainda, que o risco é moderado para pessoas com múltiplos parceiros sexuais que não foram previamente infetadas com MPXV clade IIb ou não foram vacinadas previamente.

Fora do continente africano, foram reportados 3 casos da clade Ib na Suécia (1), Tailândia (1) e Índia (1).

No âmbito do PHEIC, a Equipa de Gestão e Resposta, coordenada pela DGS, em Portugal, continua a acompanhar esta situação, estando a ser delineadas as recomendações de reforço da aplicação da Orientação nº 004/2022 de 31/05/2022 e da Norma nº 006/2022 de 12/07/2022. Salienta-se a importância vacinação pré e pós-exposição, da deteção precoce, em especial em indivíduos com história de viagem a países afetados, e da realização da investigação epidemiológica, em articulação das AS locais com os clínicos notificadores, a fim de melhor recolha de informação sobre parceiros e contextos de práticas sexuais.

Recorda-se a necessidade de notificação no SINAVE, assim como o envio de amostras positivas para o INSA – Laboratório Nacional de Referência (Unidade de Resposta a Emergências e Biopreparação; Dr.ª Rita Cordeiro; rita.cordeiro@insa.min-saude.pt; biopreparacao@insa.min-saude.pt; 217519207). Perante a suspeita de casos importados, deverão ser contactadas, de imediato, as Autoridades de Saúde geograficamente competentes, bem como o sinave@dgs.min-saude.ptecesp@dgs.min-saude.pt (912152008). A Informação de setembro será publicada em breve e a lista de locais de vacinação está disponível no site da DGS.

Em Portugal, desde 2022, foram identificados 3 surtos: 1º surto entre 03/05/2022 e 27/03/2023 (956 casos, incluindo 2 óbitos em doentes VIH+); 2º surto entre junho/2023 e março/2024 (241 casos) e 3º surto desde junho/2024. Todos os casos reportados pertencem à clade IIb, embora tenha sido identificada uma estirpe predominante em cada surto, correspondendo a 3 linhagens diferentes, nos 3 surtos. Relativamente ao 3º surto, entre 01/06/2024 e 31/08/2024, foram notificados no SINAVE 9 casos confirmados, nenhum pertencente à clade Ib. A idade dos casos varia entre os 26 e os 50 anos (mediana - 39 anos). Dos casos confirmados com informação disponível, 6 foram notificados na Região Norte, 1 em LVT e 1 no Algarve; 8 são HSH, 2 (25%) estavam vacinados e 3 (38%) são pessoas que vivem com VIH. Considerando os 21 dias anteriores ao início dos sintomas, 1 (12%) caso refere frequência de saunas, 3 (38%) tiveram contactos sexuais com múltiplos parceiros e 1 (12%) participou em atividades de sexo em grupo e/ou anónimo; 1 (12%) caso refere viagem ao estrangeiro. O INSA mantém a regularidade de genotipagem das estirpes de MPXV, tendo sido identificada, no atual surto, predominância da linhagem B.1.20 da clade IIb (n=4 em 8 sequenciadas).

Desde o início da disponibilidade de vacinas (a 16/06/2022) 03/09/2024, foram vacinadas 9.943 pessoas; das 17.460 inoculações, 16.143 (92,5%) ocorreram em contexto de pré-exposição.

A 28 de agosto de 2024, a WHO atualizou a informação mensal sobre mpox a nível mundial. Entre 1 de janeiro de 2022 e 31 de julho de 2024, foram reportados 102.997 casos confirmados e 186 casos prováveis, incluindo 223 óbitos, em 121 países. Durante o mês de julho, o número de novos casos reportados aumentou 8,8%, comparativamente com o mês anterior (+3%). A maioria dos novos casos do mês passado foram notificados na Região Africana (54,9%) e na Região das Américas (24,2%). No mês mais recente de notificação completa, 35 países reportaram casos e 22 notificaram um aumento no número mensal de casos. Nos últimos 7 dias, 5 países notificaram o seu primeiro caso: Burundi, Costa do Marfim, Quénia, Ruanda e Uganda.

Relativamente à Região Africana, a WHO informa que, em 2024, até 25 de agosto, 14 países notificaram 3.659 casos confirmados, incluindo 32 óbitos, especialmente nos seguintes países: República Democrática do Congo (3.244), o Burundi (231) e a República Centro-Africana (45). Um número significativo de casos suspeitos, clinicamente compatíveis com mpox, não são testados devido à capacidade diagnóstica limitada. Nem todos os países possuem sistemas de vigilância robustos para o mpox, pelo que é provável que a contagem de casos esteja subestimada.

Vírus mpox
Ações a tomar

Face a esta situação pensamos adequado para a prevenção do risco de transmissão de infeção por mpox através da transfusão as seguintes medidas:

  • Suspensão temporária dos dadores vivos assintomáticos, que tenham estado em contacto com caso(confirmados ou suspeitos), da dádiva de substâncias de origem humana por um mínimo de 21 dias a partir do último dia de exposição.