Risco Geográfico
O Instituto Português do Sangue e Transplantação, IP. entre outras tem como missão, garantir a qualidade e segurança do sangue.
A implementação de várias estratégias promotoras da segurança transfusional têm sido cruciais para a redução do risco, nomeadamente o infecioso.
Diversas circunstâncias têm contribuído para a emergência e reemergência de agentes patogénicos, quer convencionais (vírus, bactérias e protozoários) quer não convencionais (prião). Entre estas contam-se:
- A deslocalização de vetores associada a alterações climáticas;
- O “cruzamento” ou “salto” da barreira da espécie (e.g. VIH, SARS, Plasmodium knowlesi entre outros);
- As variações genéticas;
- As alterações demográficas e comportamentais;
- A descoberta de novos agentes;
A complementaridade entre estas circunstâncias (fatores ambientais, urbanização, mobilidade social e as viagens) permite que os agentes patogénicos atinjam agora novos nichos ecológicos (maior expansão geográfica).
Na perspetiva da segurança transfusional, e para a compreensão do risco infecioso associado a estes agentes patogénicos, também o conhecimento de algumas características, dos fatores e das dinâmicas associadas são especialmente relevantes:
- Persistência assintomática na corrente sanguínea;
- Período de “janela” imunológico;
- Capacidade de sobrevivência do agente ao processamento do sangue;
- Capacidade de o agente desencadear uma infeção por via sanguínea (transmissão pelo sangue);
- Potencial desenvolvimento de doença grave no recetor da transfusão;
- Medidas a aplicar para a redução do risco infecioso (Períodos de suspensão).
Se uma das formas de adquirir uma infeção é através de viagens, (permanência ou residência em áreas geográficas nas quais algumas doenças sejam prevalentes ou pelas circunstâncias acima expostas, se tornam emergentes ou re- emergentes), as pessoas candidatas à dádiva de sangue que viajam para áreas de risco podem contrair uma infeção durante a sua visita/permanência/residência (doença importada), e posteriormente, quando dão sangue, na fase assintomática da doença, podem colocar em risco o recetor ao ser colhido sangue infetado. A abordagem proactiva no âmbito da triagem clínica do dador, avaliando a exposição a potenciais riscos infeciosos e definindo um período de suspensão para a dádiva, é uma estratégia que se alinha e otimiza com outras intervenções no âmbito da segurança transfusional (realização de testes de rastreio serológico e molecular obrigatórios e o rastreio seletivo no caso de algumas doenças, tais como a Malária e a doença de Chagas).
Assim foi criado o aplicativo Risco Geográfico que tem como propósito disponibilizar a informação coligida sobre as áreas de risco para uma determinada doença infeciosa de acordo com a informação proveniente dos melhores sistemas nacionais e internacionais de vigilância.